Segurança ao Mar: A Corrosão na Indústria Naval
SEGURANÇA AO MAR: A CORROSÃO NA INDÚSTRIA NAVAL Já passou pelos estaleiros do Rio de Janeiro, se deparou com aqueles navios gigantes que atracam nos
O Brasil possui 8.514.876 km² de terra e 7.491 km correspondem ao seu litoral, ocupando, assim, o 16° país com maior extensão litorânea. Sendo o processo de desgaste que muitas estruturas e equipamentos sofrem ao ar livre amplificado em regiões litorâneas, entende-se o motivo de diversos problemas com a corrosão no país. Há quase 10 anos os gastos associados à corrosão no Brasil estavam por volta dos US$10 bilhões, principalmente na indústria petrolífera.
Citada como uma das maiores causas de desastres ambientais, a corrosão muda as características químicas e físicas do material, deixando-o fraco e ainda mais suscetível ao meio externo.
A corrosão é comumente associada somente à ferrugem, contudo a ferrugem é apenas um dos produtos da corrosão. E este processo pode estar ainda mais perto do que você imagina.
Vamos entender um pouco mais o que é essa deterioração que alguns materiais sofrem.
O mais comum dos metais a sofrer da corrosão é o ferro, sendo o produto deste desgaste a ferrugem. No entanto outros metais e ligas metálicas também são afligidos, como o aço, ou até mesmo materiais não metálicos como cerâmicas.
Entretanto existem materiais que são mais resistentes a esse ataque, como é o caso dos metais níquel, zinco e alumínio.
A deterioração dos materiais se dá por meio de dois mecanismos:
A corrosão é um processo espontâneo, ou seja, ocorre naturalmente entre o material e o meio no qual está. Os eletrólitos do meio reagem com a superfície do material, alterando-o para um produto de menor energia.
A corrosão eletroquímica pode ser classificada a partir de diferentes parâmetros:
A classificação a partir da aparência é a mais utilizada, e ela se divide em:
A corrosão atmosférica é classificada como uma corrosão uniforme e um processo descontínuo. Por ser um sistema sujeito à variações: metal, eletrólitos, componentes da atmosfera local e ainda às características climáticas da região.
Os parâmetros que influenciam este desgaste são:
A umidade, velocidade dos ventos e chuva influenciam em um dos principais fatores que é o tempo de umedecimento: tempo que uma superfície permanece recoberta por água, possibilitando a corrosão.
Este fator indica que o orvalho é um grande causador do processo de deterioração, pois estima-se que uma superfície recoberta tenha 0,1 g por metro de água.
A atmosfera corrosiva pode ser classificada em 4 tipos:
A ISO 9226 normatiza a corrosão de metais e ligas.
Sabe aquele cheiro de mar que sentimos quando chegamos em uma região de praia? Frequentemente atribuímos esse cheiro à maresia. Mas o que é a maresia?
A maresia é na verdade um processo de corrosão eletroquímica que os objetos podem sofrer. As partículas de água do mar que se dispersam na atmosfera além de carregarem um odor característico também carregam íons dos sais da água salgada.
A topografia da costa, a velocidade das ondas e umidade relativa são alguns dos fatores que influenciam a capacidade corrosiva da atmosfera. Mas o principal causador da corrosão é o íon cloreto.
O íon cloreto (Cl-) forma uma ponte salina, facilitando que as reações eletroquímicas ocorram.
Vamos falar agora sobre alguns dos seus equipamentos e algumas formas de protegê-los.
O principal componente das estruturas externas de um ar condicionado é o aço. Aí você pode pensar: “Mas o aço é um material altamente corroído, por que continuar usando ele?”
O aço é um material de fácil fabricação, com muita matéria prima disponível, já que é feito de ferro e carbono. Ele é de fácil utilização e serve para muitos ramos da sociedade. Está presente na sua panela de aço, nas vigas que sustentam as estruturas de edifícios e, também, no seu ar condicionado.
A corrosão atmosférica aflige as unidades externas dos aparelhos, e por conta disso há empresas no mercado que fornecem protetores externos à base de alumínio ou fibras de vidro, ou revestimentos dos mesmos materiais.
Para proteger as tubulações a troca do filtro de ar no prazo recomendado pelo fabricante é indicado. Investir em equipamentos com proteção anticorrosão também é uma dica.
Em regiões costeiras a ASBRAV – Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar condicionado, Aquecimento e Ventilação, indica o revestimento das tubulações com alumínio.
Uma iniciativa do governo que começou em 2009, no Rio de Janeiro, foi a instalação de Academias da Terceira Idade – ATI e hoje contam com mais de 130 em todo o território estadual.
Já no território nacional há mais de 15.000 academias para o público geral instaladas, em espaços públicos e em áreas fechadas, como condomínios.
O principal objetivo das academias, principalmente para os idosos, é a ativação das articulações e o trabalho muscular. Estes equipamentos são feitos de aço e como já dito antes, o aço é altamente corrosivo, fenômeno que é amplificado em uma cidade litorânea, como o Rio de Janeiro.
Por isso as peças são passadas por um processo para aumentar a durabilidade e a resistência. O processo de Galvanização consiste em banhar as peças em zinco, que por meio de uma interação metalúrgica entre esses metais impede o contato do aço com a atmosfera.
No sul do país, em Florianópolis, no início de 2014 foi publicado no jornal Notícias do Dia o estado de deterioração em que se encontravam algumas das Academias ao Ar Livre em regiões de praia, por causa da corrosão intensificada pela maresia.
Em Niterói foi iniciado a substituição ou reparos de equipamentos das Academias da Terceira Idade em abril de 2014.
Leia mais em: Prefeitura faz manutenção dos aparelhos das academias de idosos instaladas nas praças da cidade
Feitos de concreto ou materiais metálicos, os postes também sofrem com a corrosão.
Os postes de ferro em cidades litorâneas, como Niterói, necessitam de manutenção a cada 5 anos, enquanto em cidades sem a ação da maresia, eles duram entre 20 e 30 anos.
Em 2014 foi divulgado que a NitTrans substituiria mais de 50 postes de semáforo por causa da deterioração, por postes galvanizados, que tem até 20 anos de durabilidade, mesmo exposto à maresia.
Em outubro de 2016 a Prefeitura da cidade de Niterói divulgou a substituição de 3 postes de iluminação no Ingá, também deteriorados.
Os carros também são afetados pela corrosão, podendo danificar o chassi, as palhetas do limpador de parabrisa ou até mesmo o motor.
Ao visitar regiões costeiras é indicado que lave o carro ao chegar do passeio, pra impedir a ação corrosiva da maresia, pois a película que fica na superfície permanece indeterminadamente.
A estrutura externa de freezers e geladeiras são, em sua maioria, de aço. Muitas churrasqueiras, mesas e cadeiras são de ferro. Então, como proteger seus utensílios?
No mercado se vê muito, hoje em dia, eletrodomésticos de aço inoxidável, como o próprio nome diz, é um aço resistente à oxidação, ou seja, corrosão. Mas no geral, são mais caros que outros.
Dentro de casa seus eletrodomésticos não estão a salvo, mas a camada esmaltada é suficiente, geralmente. Mas e se você tiver uma geladeira que não é de inox em uma área de churrasco por exemplo?
O principal é evitar molhar esses equipamentos, e em caso de cidades litorâneas, como em casas de praia, limpar com sabão neutro é importante para retirar a película de íons e poluentes trazidos com a maresia, e também manter os aparelhos com capas.
Na churrasqueira de ferro é importante não lavar as grelhas com água e sabão, e evitar a queda de gordura e sal no fundo da churrasqueira. Uma alternativa para limpeza das grelhas é utilizar pão velho e seco, pois a gordura adere no pão e você protege contra o desgaste.
Para mesas e cadeiras de ferro a manutenção regular, como pintura anti corrosão, é indicado. Para regiões costeiras uma regularidade anual é suficiente.
Uma curiosidade quanto às construções é que em cidades de interior 2,5 cm de concreto são suficiente para proteger contra a corrosão, mas em cidades litorâneas a quantidade de concreto deve ser bem maior, pois a maresia penetra e atinge as estruturas, que muitas vezes são de aço ou ferro.
Os impactos que a corrosão causa na sociedade são econômicos, sociais e ambientais.
Alguns dos impactos econômicos:
Impactos ambientais:
Um dos principais impactos sociais está relacionado à saúde da população e de operários.
Existem normas como a ISO 12944-2 que normatiza as pinturas e vernizes para proteção à corrosão de estruturas.
A ABRACO – Associação Brasileira de Corrosão – através da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – atua na normatização no campo da corrosão de metais e ligas. Para saber mais sobre algumas normas, acesse Normas Publicadas no site da ABRACO.
Saiba mais sobre corrosão, confira nosso outro texto:
Você sabia que em cidades litorâneas a corrosão chega a ser 40 vezes mais agravante?
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