Qual o Futuro do Mercado de Petróleo?

Prever o futuro do petróleo, uma comodity de suma importância entre transações internacionais, não é uma tarefa simples. A dificuldade se dá pelas diversas variáveis que esse mercado está condicionado, além das dimensões colossais que tais variáveis são capazes de atingir.

 

O futuro da indústria do petróleo depende de um vasto estudo sobre a geopolítica mundial, interpretando relações entre países – produtores, exportadores e importadores desse produto– como também a progressão dessas relações ao longo do tempo.

Além disso, é importante um estudo e uma interpretação perspicaz da economia mundial, entendendo a demanda das potências globais por energia fóssil e a vazão da produção de petróleo mundial (Lei da oferta e da procura).

A Pandemia no Mercado de Petróleo

A pandemia do Coronavírus, iniciada em 2020, mas que teve muitos impactos futuros, afetou todos os aspectos da sociedade mundial, e o mercado petrolífero não ficou imune às mudanças proporcionadas por ela. Uma clara exemplificação disso foi a redução significante da demanda por combustível para transporte. 

Como o mundo passava por um isolamento social, havia menos automóveis na rua, bem como um menor tráfego aéreo, o que reduzia o consumo de óleo. Além disso, algumas linhas de produção industrial de várias potências mundiais, como a China, que muitas vezes utiliza petróleo como fonte energética na produção, foram paralisadas. 

Para tentar compensar o desbalanço entre oferta e demanda, a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo – tentou reduzir a produção do óleo bruto, mas, por falta de acordo entre as partes da organização em relação a essa diminuição, o preço do barril do petróleo despencou em 2020.

A Oscilação do Preço do Barril de Petróleo

Para analisarmos o preço do barril de petróleo, primeiro é necessário pontuar que, na atualidade, o petróleo é mais do que um produto, é um investimento. Por isso, seu valor é influenciado por recessões, guerras, descobertas e muitos outros fatores. 

Na cotação Brent, principal referência de cotação de petróleo para a Europa e Brasil, o preço do barril (que equivale a, aproximadamente, 159 litros) foi de cerca de U$ 130,00 em meados de 2008 para U$ 45,00 no fim do mesmo ano, o que mostra como a crise de 2008, nos Estados Unidos, impactou esse mercado. Exemplo similar é o de 2020, pelos motivos explicados anteriormente, quando o barril foi cotado a U$ 22,00 em março, valor que não atingia desde 2003. 

Desde então, a cotação subiu bastante e entre 2022 e 2023, o preço do barril se manteve relativamente estável, na faixa dos U$ 80,00 e U$ 110,00. Por esses altos e baixos, esse mercado se mostra volátil, mas muito adaptável, característica que tende a se manter a longo prazo.

A interferência da Geopolítica e Economia Mundial

As relações entre as potências mundiais também têm alto impacto na indústria do petróleo, porque o fluxo mundial dessa commodity depende das tensões e das parcerias que essas potências formam. A China, em especial, tem um papel fundamental no mercado petrolífero, pois é a nação que mais importa essa commodity, além de ser a segunda maior consumidora, perdendo apenas para os EUA. Por ser epicentro da pandemia, a economia chinesa sofreu uma grande recessão, fator que diminuiu muito a demanda mundial por petróleo em 2020 e 2021. Porém, a economia chinesa se recuperou além das expectativas em 2023 e aumentou as projeções do preço do barril para a cotação Brent. 

O conflito do Leste Europeu, entre Rússia e Ucrânia, também impactou o mercado do petróleo. Isso acontece porque a Rússia, segunda maior exportadora de petróleo, sofreu sanções dos EUA, o que prejudicou sua exportação e aumentou o preço do barril, porque a oferta pela commodity diminuiu. Assim, a Rússia se voltou para a China, que está em recuperação e precisa aumentar as importações, para conseguir vender o combustível. Enquanto isso, a Arábia Saudita, maior exportadora dessa commodity, está tentando reduzir a produção para balancear a oferta e a demanda mundial, a fim de alavancar o preço do barril. 

No meio desse jogo diplomático, também está o Brasil, que funciona como um fornecedor estratégico de petróleo, uma vez que possui limitações em relação à refinaria nacional e grandes reservas petrolíferas, muitas ainda inexploradas, o que resulta em um excedente exportável. Sua maior parceira comercial é a China, que importou 84 milhões de barris brasileiros entre janeiro e abril de 2023. 

 

Plataforma P-51, Brasil

O Petróleo Irá Acabar?​

Enquanto o senso comum busca formatar a ideia de que o petróleo se extinguirá, a realidade vem se mostrando diferente das previsões. A revista Super de junho de 1993, por exemplo, estimou que as reservas petrolíferas durariam, aproximadamente, mais 70 anos, devido à exploração exacerbada desde a Segunda Revolução Industrial. 

O argumento, de fato, faz sentido; todavia, na época, nem todas as reservas existentes já tinham sido descobertas, como é o caso da região da Margem Equatorial do Brasil, onde estima-se encontrar mais de 30 bilhões de barris de petróleo, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). 

Portanto, é bem mais provável que a demanda por petróleo diminua em proporções maiores do que sua oferta, já que a busca por energias sustentáveis está aumentando. 

 

“A idade da pedra chegou ao fim, não porque faltassem pedras; a era do petróleo chegará igualmente ao fim, mas não por falta de petróleo”

Xeque Yamani, Ex-ministro do Petróleo da Arábia Saudita

 

E as Tentativas de Diminuição de Emissão de Gases Poluentes?​

A busca por energias sustentáveis, pauta que cada vez cresce mais nas conferências internacionais, de fato, é um fator que, a princípio, pode ameaçar o gigantesco mercado de petróleo. Uma boa métrica para verificar o crescimento da preocupação com o meio ambiente é a quantidade de carros elétricos nas ruas do planeta. 

Segundo um artigo da Insper, em 2022 foram vendidos aproximadamente 10 milhões de carros elétricos, contra 6,5 milhões em 2021 e 2 milhões em 2020. Em contrapartida, até 2022, a frota de eletrificados correspondia a apenas 1,7% da frota mundial: 25 milhões de eletrificados contra 1,47 bilhão no total. 

Além desse gap que ainda existe entre combustível fóssil e energias sustentáveis, é muito improvável que o petróleo e seus derivados sejam substituídos completamente por essas matrizes, já que a diversidade energética será muito importante em um planeta com uma população que pode superar os 9 bilhões no meio do século. A demanda mundial por petróleo pode atingir 110 milhões de barris até 2045, segundo previsão do Secretário-Geral da OPEP, reportada na CNN. Por isso, o petróleo ainda vai fazer grande parte da matriz energética mundial.

Portanto, o mercado petrolífero mostra-se ainda com muito potencial, tendo em vista sua adaptabilidade, sua influência na economia e na política mundial e a capacidade de fornecer energia que ainda tem. Mesmo assim, é natural que o mercado sustentável, a longo prazo, supere o mercado petrolífero, mas este não deixará de ter sua relevância. 

 

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